Sexo, gênero e direito: considerações à luz do direito francês e brasileiro
Palavras-chave:
Sexo, Gênero, Registro civil, Direito francês, Direito brasileiroResumo
O artigo objetiva rastrear o conteúdo jurídico e as funções dos termos sexo e gênero na perspectiva do direito francês e brasileiro. Embora ambas as palavras sejam tradicionalmente utilizadas pelo Direito como elementos identificadores na construção da identidade das pessoas humanas, acabam por ser manejadas como instrumento de discriminação. Nessa medida, o sexo e o gênero, em lugar de servirem para a proteção do indivíduo, transformam-se em motivo para cerceamento de direitos. Questiona-se, por tal razão, o quanto é justo classificar a espécie humana em dois sexos/gêneros e proteger essa divisão com a força material e simbólica do Direito. Propõe-se, desse modo, seja testada a pertinência jurídica dessa dupla e restrita qualificação, de modo a concluir que a extinção da categoria gênero na certidão de nascimento constituiria um avanço na consagração da pessoa humana, emancipada de uma lógica binária atrelada a uma necessária vinculação entre sexo e gênero.
Downloads
Referências
ANDROUTSOS, G. ; PAPADOPOULOS, M. ; GEROULANOS S.. Les premières opérations de changement de sexe dans l’antiquité. In: Andrologie, v. 11, n. 2, 2011.
BARBOZA, Heloisa Helena. Procedimentos para redesignação sexual: um processo bioeticamente inadequado, tese de doutorado. Disponível : <http://arca.icict.fiocruz.br/bitstream/icict/2545/1/ENSP_Tese_Barboza_Heloisa_Helena_Gomes.pdf>. Acesso em 20 jan. 2016.
BEAUVOIR, Simone de. Le deuxième sexe. Les faits et les mythes. Paris: Gallimard, 1949.
BECHARA, Evanildo. Gramática escolar da língua portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2010.
BORRILLO, Daniel. Pour une théorie du droit des personnes et de la famille émancipée du genre. In: GALLIUS, Nicole (dir.) Droit des familles, genre et sexualités. Bruxelles: LGDJ, Anthémis, 2012.
BOURDIEU, Pierre. La domination masculine. Paris: Seuil, 1998.
BOURDIEU, Pierre. Sociologia. Organizado por Renato Ortiz. São Paulo: Ática, 1983.
DERRIDA, Jacques. A farmácia de Platão. 2. ed. São Paulo: Iluminuras, 1997.
DERRIDA, Jacques. La pharmacie de Platon. Paris: Seuil, 1968.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio Século XXI: o dicionário da língua portuguesa, 3. ed. Nova Fronteira: Rio de Janeiro, 1999.
GOFFMAN, Erving. The arrangement between sexes. Theory and Society. v. 4, n. 3, 1977.
GUIMARÃES, Anibal. Bioética e Intersexualidade: algumas reflexões. Revista Redbioetica/UNESCO, v. 1, p. 45-56, 2013.
GUIMARÃES, Aníbal; BARBOZA, Heloisa Helena. Designação sexual em crianças intersexo: uma breve análise dos casos de 'genitália ambígua'. Cadernos de Saúde Pública, v. 30, p. 2177-2186, 2014.
HERITIER, Françoise. Masculin/féminin: la pensée de la différence. Paris: Odile Jacob, 1996. LIMA, Laura Câmara. A articulação "Themata-Fundos Tópicos": por uma análise pragmática da linguagem. Disponível : http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-37722008000200015. Acesso em 03 ago. 2015.
MALBOIS, Fabienne. Les catégories de sexe en action. Une sociologie praxéologique du genre. In: Sociologie, v. 2, 2011.
VIDAL, Jean-Pierre. De la déconstruction de la différence des sexes à la « neutralisation des sexes », pour une société « postsexuelle » ! ». In: Connexions, n. 90, 2008.