Sexo, gênero e direito: considerações à luz do direito francês e brasileiro

Autores

  • Daniel Borillo Université Paris X
  • Heloisa Helena Barboza UERJ

Palavras-chave:

Sexo, Gênero, Registro civil, Direito francês, Direito brasileiro

Resumo

O artigo objetiva rastrear o conteúdo jurídico e as funções dos termos sexo e gênero na perspectiva do direito francês e brasileiro. Embora ambas as palavras sejam tradicionalmente utilizadas pelo Direito como elementos identificadores na construção da identidade das pessoas humanas, acabam por ser manejadas como instrumento de discriminação. Nessa medida, o sexo e o gênero, em lugar de servirem para a proteção do indivíduo, transformam-se em motivo para cerceamento de direitos. Questiona-se, por tal razão, o quanto é justo classificar a espécie humana em dois sexos/gêneros e proteger essa divisão com a força material e simbólica do Direito. Propõe-se, desse modo, seja testada a pertinência jurídica dessa dupla e restrita qualificação, de modo a concluir que a extinção da categoria gênero na certidão de nascimento constituiria um avanço na consagração da pessoa humana, emancipada de uma lógica binária atrelada a uma necessária vinculação entre sexo e gênero.

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Biografia do Autor

Daniel Borillo, Université Paris X

Maître de conférences à l’université Paris-X-Nanterre et chercheur associé au Cersa (Centre d’études et de recherches de sciences administratives).

Heloisa Helena Barboza, UERJ

Professora Titular de Direito Civil da Faculdade de Direito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Doutora em Direito pela UERJ e em Ciências pela ENSP/FIOCRUZ. Procuradora de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (aposentada). Árbitra e parecerista em direito privado.

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Publicado

2016-12-29

Como Citar

BORILLO, Daniel; BARBOZA, Heloisa Helena. Sexo, gênero e direito: considerações à luz do direito francês e brasileiro. Civilistica.com, Rio de Janeiro, v. 5, n. 2, p. 1–16, 2016. Disponível em: https://civilistica.emnuvens.com.br/redc/article/view/622. Acesso em: 18 abr. 2024.

Edição

Seção

Doutrina estrangeira