Função hermenêutica do princípio da boa-fé objetiva: interpretação dos contratos nas relações civis e de consumo

Autores

  • Maria Luiza Baillo Targa UFRGS
  • Patricia Strauss Riemenschneider UFRGS

Palavras-chave:

Boa-fé objetiva, Função hermenêutica, Interpretação contratual, Contratos civis simétricos e assimétricos, Contratos de consumo

Resumo

O princípio da boa-fé objetiva está positivado no direito brasileiro tanto no Código de Defesa do Consumidor quanto no Código Civil e, segundo a doutrina, possui três funções: a jurígena, a limitativa e a hermenêutica. Na sua função como cânone hermenêutico, o princípio, juntamente com os demais critérios interpretativos disciplinados por lei, permite ao intérprete de um determinado negócio jurídico extrair-lhe o seu sentido. Diante de sua importância tanto na interpretação dos contratos civis simétricos, em que as partes livremente negociam os dispositivos contratuais e estão em pé de igualdade, e assimétricos, em que há uma assimetria fática ou normativa entre a parte contratante e a contratada, assim como na interpretação dos contratos de consumo, cuja assimetria é legalmente presumida, o presente trabalho analisa a função hermenêutica da boa-fé na interpretação dos negócios jurídicos de cunho civil simétricos e assimétricos, bem como nos contratos pactuados entre consumidores e fornecedores. A pesquisa utiliza método indutivo, com metodologia auxiliar comparativa. Como técnica de pesquisa se utilizou a pesquisa bibliográfica, jurisprudencial e legislativa.

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Biografia do Autor

Maria Luiza Baillo Targa, UFRGS

Doutoranda em Direito do Consumidor pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Mestre em Direito do Consumidor pela UFRGS, Especialista em Direito Francês e Europeu dos Contratos pela Université Savoie Mont Blanc, Especialista em Direito do Consumidor e Direitos Fundamentais pela UFRGS, Especialista em Direito Público pelo Centro Universitário de Brasília (UniCEUB), Membro do Grupo de Pesquisa Mercosul, Direito do Consumidor e Globalização, Associada do BRASILCON, Membro da Comissão Especial da Defesa do Consumidor da OAB/RS, Membro do Instituto Capitalismo Humanista Acadêmico, Integrante da Editoria Executiva da Revista Cadernos do Programa de Pós-Graduação em Direito UFRGS, Advogada no escritório Rossi, Maffini, Milman e Grando.

Patricia Strauss Riemenschneider, UFRGS

Doutoranda em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Presidente do Instituto Brasileiro de Direito e Maternidade - IBDMater. Embaixadora do "Parent in Science". Advogada com Graduação em Direito pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Mestre em Direito pela Universidade de Caxias do Sul (UCS). Pós Graduada em "Environmental Policy" pela OU - Inglaterra. Pós Graduada em Droit Comparé et Européen des Contrats et de la Consommation - Université Savoie Mont Blanc - França. Pesquisadora do grupo de pesquisa CNPq da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS - "Mercosul , Direito do Consumidor e Globalização" liderado pela professora Cláudia Lima Marques. Delegada no Intergovernamental Expert Group in Consumer Protection Law and Policy da UNCTAD (United Nations Conference on Trade and Development - Genebra) realizado nos anos de 2018, 2019, 2020 e 2021. Foi um dos organizadoras do Side Event nas Nações Unidas em Genebra: The Hague Conference´s Project on the Creation of a Global Network to Protect International Tourists (2018). Atualmente é professora na graduação em Direito da Faculdade IMED (RS). Professora do Curso CEISC para OAB, carreiras públicas e Pós Graduação. Sócia fundadora do primeiro escritório de advocacia exclusivo sobre Direito e Maternidade. Membro da International Association of Consumer Law e membro associado da United Nations - UNCTAD Virtual Institute. Mãe da Chloe, 7 anos e Mia, 4 anos.

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Publicado

2022-12-25

Como Citar

BAILLO TARGA, Maria Luiza; RIEMENSCHNEIDER, Patricia Strauss. Função hermenêutica do princípio da boa-fé objetiva: interpretação dos contratos nas relações civis e de consumo. Civilistica.com, Rio de Janeiro, v. 11, n. 3, p. 1–28, 2022. Disponível em: https://civilistica.emnuvens.com.br/redc/article/view/795. Acesso em: 16 set. 2024.

Edição

Seção

Doutrina contemporânea

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