Pesquisas com células-tronco embrionárias à luz do direito brasileiro: uma questão a ser enfrentada
Palavras-chave:
Célula-tronco embrionária, Direitos humanos, Fertilização in vitro, Lei de Biossegurança, Reprodução humana assistidaResumo
Este artigo tem como objetivo analisar o direito de se realizar pesquisas com células-tronco embrionárias (CTEs) no Brasil; analisar a veracidade da hipótese pela qual se defende que, qualquer tipo de regulação que implique alguma limitação ao direito de se realizar pesquisa de CTEs, seria uma afronta ao princípio da vedação do retrocesso e, portanto inconstitucional, ainda que essa regulação se desse por meio de uma Emenda Constitucional. Para testar a veracidade ou não dessa hipótese, deve-se investigar a existência de projetos de lei que tragam uma restrição às pesquisas com CTEs, analisar seu conteúdo e sua tramitação; explicar os conceitos de célula-tronco, CTEs, fertilização in vitro (FIV), reprodução humana assistida (RHA) e demais termos técnicos importantes para a compreensão crítica do tema. Cabe, ainda, trazer um escorço do contexto jurídico com jurisprudências, doutrinas e fontes de pesquisas estatísticas sobre CTEs. Na análise de verificação da hipótese, se propõe utilizar a teoria da dinamogênesis dos direitos humanos por se entender que seria mais adequada para explicar a aplicação do princípio do não retrocesso em matéria de Direitos Humanos (DH). Emprega-se uma metodologia dedutiva pelo uso de uma hipótese formulada a priori, que terá sua validade testada pelo desenvolvimento de uma pesquisa bibliográfica, com fontes primárias e secundárias, investigação legislativa e jurisprudencial. Trata-se de uma pesquisa interdisciplinar, entre direito e medicina reprodutiva, desenvolvida sob bases científicas a partir de fontes de procedência ilibada internacionalmente.
Downloads
Referências
ARIOSI, M. Diretrizes antecipadas de vontade – DAV– e a Lei da ortotanásia no Brasil como construção valorativa à eutanásia pelo prisma da teoria da dinamogenesis dos direitos humanos à luz do construtivismo interpretativo de Dworkin. Revista dos Tribunais, v. 112, n. 1049, mar. 2023.
BELO, E. A. da S. A emenda da vaquejada e o efeito backlash, 2018. Disponível em: mprj.mp.br/
BRANCO, P. Efeitos da inconstitucionalidade da lei. Brasília: Instituto Brasiliense de Direito Público, 2005.
CASTRO, M. P. R. DE.; ANTUNES, G. C., MARCON, L. M. P., ANDRADE, L. S., RÜCKL, S.; ANDRADE, V. L. Â. Eutanásia e suicídio assistido em países ocidentais: revisão sistemática. Revista Bioética, v. 24, n. 2, 2016.
CAMPELLO, L. G. B.; SILVEIRA, V. O. da. Cidadania e direitos humanos. Revista Interdisciplinar de Direito, v. 1, p. 87-104, 2011.
COELHO, Helena Beatriz Cesarino Mendes. Interpretação jurídica: algumas teorias, segundo Riccardo Guastini, e sua aplicação a um caso concreto. RPGE, Porto Alegre, v. 30, n. 64, p. 95-114, jul./dez. 2006.
CUNHA JÚNIOR, D. da. O efeito backlash na jurisdição constitucional brasileira e os limites da mutação constitucional. [S.l.]: Libro Legis, 2021.
DEL CARLO, JR et ali. Células-tronco mesenquimais. Ciência Rural. Santa Maria, Online.
DINIZ, D.; AVELINO, D. Cenário internacional da pesquisa em células-tronco embrionárias. Rev Saúde Pública, v. 43, n. 3, p. 541–547, maio. 2009.
EDWARDS, R. G. Fertilization of Human Eggs in Vitro: Morals, Ethics and the Law. The Quarterly Review of Biology, v. 49, n. 1, 1974.
FISCHER, L. Constitutional Dialogues: Interpretation as Political Process. Princeton: Princeton University, 1988.
GEORGE, Robert P.; TOLLEFSEN, Christopher. Embryo: a defense of human life. Doubleday, Jan. 8, 2008.
GRAU, Eros Roberto. O direito posto e o direito pressuposto. 3. ed. São Paulo: Malheiros, 2000.
GUASTINI, Riccardo. Das fontes às normas. Trad. Edson Bini. São Paulo: Quartier Latin, 2005.
HAUER, I. R. Pronúcleo. 17 maio, 2021.
HENRIQUES, Tatiana. Análise crítica sobre a evolução das normas éticas para a utilização das técnicas de reprodução assistida no Brasil. Temas livres: Ciênc. saúde colet., v. 24, n. 3, mar 2019.
HIRSCHL, R. Towards Juristocracy: the origins and consequences of the new constitutionalism. Cambridge: Harvard University Press, 2004.
HURLBUT, Hurlbut W. B. Altered nuclear transfer: a way forward for embryonic stem cell research. Stem cell reviews, 2005.
JONAS, Hans. O fenômeno da vida: rumo a uma biologia filosófica; [Ensaios]. Harper & Row. 1966.
KASS, Leon. The Wisdom of Repugnance. June, 2, 1997, The New Republic. P. 17-26.
KASS, Leon. A way forward on stem cells. The Washington post, 2005. A21.
MARMELSTEIN, G. Efeito backlash da jurisdição constitucional: reações políticas ao ativismo judicial. 2016. Disponível em: academia.edu/.
MORRISON, S. J., WANDYCZ, A. M., HEMMATI, H. D., WRIGHT, D. E., & WEISSMAN, I. L. (1997). Identification of a lineage of multipotent hematopoietic progenitors. Development (Cambridge, England), 124(10), 1929–1939.
NUNES JÚNIOR, F. M. A. Curso de direito constitucional. 2. ed. São Paulo: RT, 2018.
OLIVEIRA, G. G. V. de. Direito tributário e diálogo constitucional. Niterói: Impetus, 2013.
POST, R.; SIEGEL, R. B. Roe Rage: Democratic Constitutionalism and Backlash. Harvard Civil Rights-Civil Liberties Law Review, n. 131, 2007.
RESMINI, A. Backlash no direito brasileiro. [S.l.]: Universidade do Contestado UnC, s/d. Disponível em: academia.edu/.
ROCASOLANO, M. M.; SILVEIRA, V. O. da. Direitos humanos, conceitos, significados e funções. São Paulo: Saraiva, 2010.
SANDLER, W. T. Langman’s Medical Embryology. Rio de Janeiro: GEN, 13ª edição.
SARLET, I. W. A assim designada proibição de retrocesso social e a construção de um direito constitucional comum latinoamericano. Revista Brasileira de Estudos Constitucionais – RBEC, Belo Horizonte, ano 3, n. 11, jul./set. 2009.
SILVA JUNIOR, L. A. da; FILHO, O. de A. R.; MARQUES, K. N.; ALVES, P. M. Reprodução humana assistida: uma revisão sistemática sobre os métodos utilizados e fatores associados ao sucesso e fracasso da inseminação artificial e fertilidade in vitro. Brazilian Journal of Development, [S. l.], v. 7, n. 11, p. 106682–106693, 2021.
SOUZA, I. R. de. Genética evolutiva. Florianópolis: EAD/UFSC, 2011.
SOUZA, J. F. V. de. A (in)existência de Deus: Diálogos improváveis e impertinentes entre Espinosa, Nietzsche e Sartre. Florianópolis: Qualis, 2019.
THOMSON, J.A. et al. Embryonic stem cell lines derived from human blastocysts. Science. New York, v. 282, n. 5391, p. 1145-1147, 1998.
THOMSON, J. A. et al. Pluripotent cell lines derived from common marmoset (Callithrix jacchus) blastocysts. Biology of reproduction, v. 55, n. 2, 1995.
VOGEL, G. Embryo Ruling Keeps Stem Cell Research Legal. Science, v. 327, 2010.
WOBUS, A. M.; HOLZHAUSEN, H.; JÄKEL, P.; SCHÖNEICH, J. Characterization of a pluripotent stem cell line derived from a mouse embryo. Exp Cell Res., v. 152, n. 1, p. 212-219, maio, 1984.
YOSHINO, T. et al. Generation of ovarian follicles from mouse pluripotent stem cells. Science, v. 373, p. e0237, 2021.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Vladmir Oliveira da Silveira, Mariangela de F. Ariosi

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.