A responsabilidade civil envolvendo inteligências artificiais em carros autônomos: repercussões no Código de Defesa do Consumidor

Autores

  • Agatha Gonçalves Santana Universidade da Amazônia - UNAMA
  • Arthur Meirelles Universidade da Amazônia - UNAMA / SER Educacional

Palavras-chave:

Inteligência artificial, Veículos autônomos, Machine learning, Deep learning, Responsabilidade civil no CDC

Resumo

A presente pesquisa parte do atual contexto da revolução industrial 4.0 e popularização do uso de inteligências artificiais em diversos eixos da vida em sociedade, mais especificamente no desenvolvimento de carros autônomos. O problema da pesquisa visa responder quais as possíveis repercussões da responsabilidade civil envolvendo inteligências artificiais envolvendo carros autônomos podem ocorrer no Direito do Consumidor. O objetivo geral visa explorar as perspectivas sobre as Inteligências Artificiais e Veículos autônomos, bem como as possíveis repercussões dentro da responsabilidade consumerista. Especificamente, objetiva-se esclarecer sobre o estado da arte das inteligências artificiais; explanar sobre as expectativas, níveis de autossuficiência, acidentes e possíveis falhas dos carros autônomos; descrever a responsabilidade no caso de dano no Direito do consumidor; e esboçar pontos em que as novas tecnologias provocam dificuldades e talvez um repensar da responsabilidade civil no direito do consumidor. A metodologia usada parte de pesquisa predominantemente teórica, embora utilizando-se elementos de empiria em análise de casos; com métodos de natureza básica e objetivos exploratórios e abordagem qualitativa. Quanto ao procedimento, o método utilizado foi o de levantamento bibliográfico-documental, aplicando-se majoritariamente a lógica indutiva. Conclui-se que os fornecedores devem desenvolver estratégias preventivas e proativas para evitar acidentes de consumo e debater sobre os princípios éticos a serem adotados pelas máquinas, bem como que as inteligências artificiais têm um grande impacto na seara jurídica, especificamente no direito do consumidor, sendo necessário reinterpretar conceitos como "defeito", “produto” e “serviço”, que repercutem nas excludentes de responsabilidade e nas teorias do nexo causal.

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Biografia do Autor

Agatha Gonçalves Santana, Universidade da Amazônia - UNAMA

Advogada regularmente inscrita na OAB/Pará. Graduada em Direito pela Universidade da Amazônia (2006) e Mestre (2009) e Doutora em Direito pela Universidade Federal do Pará (2017). Professora titular de Teoria Geral do Processo e Direito Processual Civil da Universidade da Amazônia - UNAMA SER. Associada do IBDP - Instituto Brasileiro de Direito Processual. Membro a convite do IBERC - Instituto Brasileiro de Estudos de Responsabilidade Civil. Associada a ANNEP - Associação Norte Nordesde de Professores de Processo. Líder do Grupo de Ensino e Pesquisa acerca das Teorias Gerais do Processo - O Processo como instrumento de realização dos Direitos Fundamentais da Universidade da Amazônia - Ser Educacional / CNPq. Coordenadora do Projeto de Pesquisa "Virada tecnológica dos direitos fundamentais e a realização dos direitos fundamentais". Membro do Comitê de Ética e Pesquisa do Instituto Campinense de Ensino Superior Ltda. (CEP ICES UNAMA)

Arthur Meirelles, Universidade da Amazônia - UNAMA / SER Educacional

Mestrando em Direitos vinculado ao Programa de Pós Graduação Stricto Senso em Direitos Fundamentais da Universidade da Amazônia - Unama / Ser Educacional. Bolsista CAPES / CNPq. Membro do Projeto de Pesquisa Teorias Gerais do Processo - "O processo como instrumento de realização de direitos fundamentais". Membro do Projeto de Pesquisa "A virada tecnologica do direito e a efetivação dos direitos fundamentais".

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Publicado

2022-10-07

Como Citar

SANTANA, Agatha Gonçalves; MEIRELLES, Arthur Igor Oliveira. A responsabilidade civil envolvendo inteligências artificiais em carros autônomos: repercussões no Código de Defesa do Consumidor. Civilistica.com, Rio de Janeiro, v. 11, n. 2, p. 1–30, 2022. Disponível em: https://civilistica.emnuvens.com.br/redc/article/view/757. Acesso em: 18 set. 2024.

Edição

Seção

Doutrina contemporânea