Sobre as doutrinas jurídicas da era fascista e sua continuidade até os nossos dias
Palavras-chave:
Fascismo, História do direito, História das ideias jurídicas, Direito privado, Direito civil, MetodologiaResumo
A história do direito do período fascista é indicativa de ter havido continuidade da produção doutrinária onde se supôs ter havido ruptura. O direito privado é especialmente susceptível a essa continuidade, considerando a resistência em admitir suas conexões com as circunstâncias político-sociais. Este trabalho retoma a narrativa dessa continuidade, e expõe algumas reflexões sobre os desafios metodológicos que essa percepção nos coloca.
Downloads
Referências
ALBRIGHT, Madeleine. Fascism: a warning. HarperCollins, 2018.
BETTI, Emilio. Notazione autobiografiche [1953] – a cura di Eloisa Mura. Milão: CEDAM, 2014.
BETTI, Emilio. Teoria geral do negócio jurídico [1942]. Tomo I. Tradução de Fernando de Miranda à 2ª edição. Coimbra: Coimbra Editora, 1969.
BIROCHI, Italo; LOSCHIAVO, Luca (org.). I giuristi e il fascismo del regime (1918-1925). Roma: Roma Tre-Press: 2015.
BLANC, Carlos Aguilar. La fundamentación teórica del terror de Estado y la filosofia jurídica nacional-socialista del Karl Larenz. Revista Internacional de Pensamiento Político. I Época. Vol. 9. 2014, 213-248.
BRUTTI, Massimo. Vittorio Scialoja, Emilio Betti. Due visione del diritto civile. Turim: G. Giappichelli Editore, 2013.
BRUTTI, Massimo. Sulla convergenza tra studio storico e comparazione giuridica. In Massimo Brutti; Alessandro Somma (eds.). Diritto: storia e comparazione – nuovi propositi per un binomio antico. Max Planck Institute for European Legal History: Frankfurt am Main, 2018, Global Perspective on Legal History, vol. 11. pp. 49-80.
CANDIDO, Antônio. Prefácio. in Chasin, J. O integralismo de Plínio Salgado. São Paulo: Livraria Editora Ciências Humanas, 1978.
CAPPELLINI, Paolo. Il fascismo invisibile. Una ipotesi di esperimento storiografico sui rapporti tra codificazione civile e regime. Quaderni Fiorentini, XVIII (1999), p. 175-292. Disponível em <http://www.centropgm.unifi.it/quaderni/28/index.htm>, acesso em 6 de agosto de 2020.
DELGADO, Mário Luiz. Codificação, descodificação, recodificação do direito brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2011.
ECO, Humberto. Ur-fascism. The New York Review of Books, v. 42, n. 11, p. 12-15, 1995.
ERKKILÄ, Ville. Roman Law as Wisdom: Justice and Truth, Honour and Disappointment in Franz Wieacker’s Ideas on Roman Law. In Tuori, Kaius; Björklund, Heta. Roman Law and the Idea of Europe. Londres: Bloomsbury Academic, 2020. 201–220.
ERKKILÄ, Ville. The conceptual change of conscience: Franz Wieacker and German Legal Historiography 1933-1968. p. 60. Tubinga: Mohr Siebeck, 2019.
FAYE, Jean-Pierre. A razão narrativa: a filosofia heideggeriana e o nacional-socialismo. Traduzido por Paula Martins. São Paulo: Editora 34, 1996.
FAYE, Jean-Pierre. Introdução às linguagens totalitárias: teoria e transformação do relato. Tradução de Fábio Landa e Eva Landa. São Paulo: Perspectiva, 2009.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 66ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 2018.
FROMM, Erich. Escape from freedom [1941]. 2ª ed. Nova Iorque: Avon Books, 1969.
GENTILE, Emilio. Fascismo. Storia e interpretazione. Bari: Giuseppe Laterza & Figli, 2013.
GENTILE, Emilio. La Via italiana al totalitarismo: il partito e lo Stato nel regime fascista. Roma: NIS, 1995.
HEIDEGGER, Martin. A auto-afirmação da Universidade alemã (o dicurso da Reitoria) [1933]. Traduzido por Daniel Pucciarelli. Terceira Margem, n. 17, Rio de Janeiro, jul./dez. 2007.
HENRIQUES, José Carlos. Direito e justiça na jusfenomenologia de Gerhart Husserl. 2018, 304f. Tese (doutorado em direito). Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2018.
HESPANHA, António Manuel. Por que é que existe e no que é que consiste um direito colonial brasileiro. Quaderni fiorentini per la storia del pensiero giuridico moderno, , Vol. 35, Nº 1, 2006, págs. 59-81.
HESPANHA, Antonio Manuel. Cultura jurídica europeia. Lisboa: Almedina, 2015.
JASPERS, Karl. The question of German Guilt [1947]. Tradução de E. B. Ashton. Frodham University Press: Nova Iorque, 2000.
JOERGES, Christian; GHALEIGH, Navraj Singh. Darker legacies of Law in Europe: the shadow of national socialism and fascism over Europe and its legal traditions. Oxford: Hart Publishing, 2003.
KANT, Immanuel. A metafísica dos costumes. Tradução de Edison Bini. São Paulo: Folha de São Paulo, 2010.
KENNEDY, Duncan. Legal education and the reproduction of hierarchy. Journal of Legal Education, v. 32, p. 591-615, 1982.
KERTZER, David I. The Pope and Mussolini. Nova Iorque: Randon House, 2014.
KLEMPERER, Victor. Language of the Third Reich. Tradução da 3ª ed. [1957] por Martin Brady. Lonres: Bloomsburry, 2013.
LA TORRE, Massimo. Nostalgia for the Homogeneous Community: Karl Larenz and the National Socialist Theory of Contract. Florença: European University Institute, 1990.
LANCHESTER, F. Alfredo Rocco e le origini dello Stato totale. In Alfredo Rocco: dalla crisi del parlamentarismo alla costruzione dello Stato nuovo. a cura de E. Genille; F. Lanchester; A. Traquini. Carocci: Roma, 2010.
LARENZ, Karl. Metodologia da Ciência do Direito [1960]. 7ª ed [1991]. Tradução de José Lamego. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2014.
LIPSTADT, Deborah. Denying the Holocaust: the growing assault on truth and memory [kindle edition]. Nova Iorque: The Free Press, 1993.
LIPSTADT, Deborah. The Eichmann Trial. New York: Schocken, 2011.
MAGALHÃES, Theresa Calvet de. Filosofia analítica e filosofia política: a dimensão pública da linguagem. Belo Horizonte: Arraes Editores, 2011.
MILZA, Pierre, Le totalitarisme fasciste, illusion ou expérience interrompue?, Vingtième Siècle. Revue d'histoire 2008/4 (n° 100), p. 63-67.
MILZA, Pierre. Mussolini entre fascisme et populisme. Vingtième Siècle, revue d'histoire, n°56, octobre-décembre 1997. Les populismes. pp. 115-120.
MILZA, Pierre. Qu’est-ce que le fascisme? in Les Fascismes. Paris: Seuil, 1989, pp. 127-166.
NEVES, Marcelo. Ideias em outro lugar? Constituição liberal e codificação do direito privado na virada do século XIX para o século XX no Brasil. Revista brasileira de ciências sociais, vol. 30, nº88, 2015.
REALE, Miguel. A entrevista concedida por Miguel Reale ao Jornal USP. Revista Consultor Jurídico, São Paulo, 17 de abril de 2006. Entrevista concedida a Roberto C. G. Castro. Disponível em <https://www.conjur.com.br/ >, acesso em 04 de julho de 2019.
Reale, Miguel. Da revolução à democracia. São Paulo: Convívio, 1977.
REALE, Miguel. O Estado Moderno [1934]. In Obras Políticas – 1ª fase 1931/1937. Tomo II. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 1983.
REALE, Miguel. Aplicações da Constituição de 1988. Rio de Janeiro: Forense, 1990.
RODRIGUES Jr., Otávio Luiz. A influência do BGB e da doutrina alemã no direito civil brasileiro do século XX. Revista dos Tribunais, v. 938, dez. 2013, São Paulo, pp. 79-155.
RODRIGUES Jr., Otávio Luiz. Direito civil contemporâneo: estatuto epistemológico, Constituição e direitos fundamentais. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2019.
RÜCKERT, Joachim. O BGB - um código que não teve oportunidade? Tradução de Thiago Reis. Revista da faculdade de direito da UFRGS, Porto Alegre, n. 34, p. 5-37, ago. 2016.
SCHNEEWIND, J. B. A invenção da autonomia [1998]. Tradução de Magda França Lopes. São Leopoldo: Editora UNISINOS, 2005, pp. 563 e ss.
SEELANDER, Airton. Juristas e ditaduras: uma leitura brasileira. In R. M. Fonseca; A. C. L. Seelander (org.). História do direito em perspectiva. Curitiba: Juruá, 2009.
SOMMA, Alessandro. Le parole della modernizzazione latinoamericada: centro, periferia, individuo e ordine. In Polotto, M. R.; Keiser, T.; Duve, T. (eds.). Derecho privado y modernización. Max Plank Institute for European Legal History: Frankfurt am Main, 2015. Global Perspectives on Legal History, vol. 2.
STANLEY, Jason. How fascism works: the politics of us and them. Nova Iorque: Randon House: 2018.
STOLLEIS, Michael. The law under the swastika: studies on legal history in nazi Germany. Tradução de Thomas Dunlap à 2ª ed. em alemão (1992). Chicago: The University of Chicago Press, 1998.
TEIXEIRA DE FREITAS, Augusto. Consolidação das leis civis [1858]. Ed. Fac-sim. v. 1. Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2003.
TRINDADE, Hélgio. Integralismo: o fascismo brasileiro na década de 1930 [1974]. 3ª ed. São Leopoldo: Editora UNISINOS, 2016.
WIEACKER, Franz. História do direito privado moderno. 5ª ed. Tradução da 2ª ed. em alemão [1967] por Antonio Manuel Hespanha. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1980.