A securitização dos danos causados por inteligência artificial
Palavras-chave:
Inteligencia artificial, Responsabilidade civil, Danos, Seguro, Solidariedade socialResumo
O presente trabalho propõe-se a analisar os impactos da inteligência artificial na responsabilidade civil considerando a dificuldade de caracterização dos pressupostos da obrigação de indenizar, os limites das ações indenizatórias individuais e o potencial lesivo das novas tecnologias. São abordadas as características que definem a inteligência artificial, entre elas a capacidade de atingir objetivos complexos e o autoaprendizado a partir das suas próprias experiências. Enfrentam-se, criticamente, os desafios éticos e jurídicos colocados pela inteligência artificial, notadamente em face das violações de direitos humanos. Partindo das noções de solidariedade social e de diluição dos danos, sustenta-se a importância de mecanismos coletivizadores do risco para o enfrentamento do problema, tal como o seguro de responsabilidade civil. O presente artigo vale-se de metodologia dedutiva e crítico-dialética, por meio de pesquisa bibliográfica e exploratória, mediante análise de normativas nacionais e internacionais que tratam do assunto.
Downloads
Referências
ABBOTT, Ryan et al. Liability for artificial intelligence and other emerging digital technologies: Report from the expert group on liability and new technologies – New Technologies Formation. European Union, 2019. Disponível em: https://ec.europa.eu/. Acesso em: 10.01.2021.
AGRELA, Lucas. Robô que fala, se expressa e faz ameaças ganha cidadania saudita. Revista Exame, 28 out. 2017. Disponível em: https://exame.com/. Acesso em: 19.01.2021.
ALBART, Silvia Díaz. Robots y responsabilidad civil. Madri: Reus Editoral, 2018.
ARIAS, José Antonio Badillo. Responsabilidad civil y aseguramiento obligatorio de los robots. In: CASADO, Esther; VILLAREAL, Alberto (Org.). Inteligencia artificial y riesgos cibernéticos: responsabilidades y aseguramiento. Valença, Espanha: Tirant Lo Blanch, 2019.
ASIMOV, Isaac. Eu, Robô. São Paulo: Aleph, 2014.
BIONI, Bruno; DIAS, Daniel. Responsabilidade civil na proteção de dados pessoais: construindo pontes entre a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais e o Código de Defesa do Consumidor. Civilistica.com, a. 9, n. 3, 2020.
CASTRO JÚNIOR, Marcos Aurélio de. Personalidade Jurídica do Robô e sua efetividade no Direito. Tese (Doutorado). Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2009, p. 200.
CARLINI, Angélica. Nova regulação dos seguros de responsabilidade civil no Brasil e os seguros para riscos cibernéticos. Revista IBERC, v. 5, n. 2, p. 2-3, 26 maio 2022. Disponível em: https://revistaiberc.responsabilidadecivil.org/. Acesso em: 19.07.2022.
DIAS, Daniel. Implementação de seguro obrigatório de responsabilidade civil no contexto da inteligência artificial. In: TEPEDINO, Gustavo; SILVA, Rodrigo da Guia (Org.). O direito civil na era da inteligência artificial. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2020.
ELGUERO, José María. El seguro de riesgos cibernéticos. In: CASADO, Esther; VILLAREAL, Alberto (Org.). Inteligencia artificial y riesgos cibernéticos: responsabilidades y aseguramiento. Valença, Espanha: Tirant Lo Blanch, 2019.
GOMES, Orlando. Contratos. Rio de Janeiro: Forense, 2019.
GRAVINA, Maurício Salomoni. Direito dos seguros. São Paulo: Almedina, 2020.
HARARI, Yuval Noah. 21 lições para o século 21. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.
LEVY, David. When robots do wrong. In: Conference on Advances in Computing and Entertainment (ACE), Kathamandu, 2012.
LOPEZ, Teresa Ancona. Responsabilidade civil na sociedade de risco. Revista da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. São Paulo. v. 105, p.1223-1234, jan./dez. 2010.
MARR, Bernard. How Is AI Used In Healthcare – 5 Powerful Real-World Examples That Show The Latest Advances. Forbes. 27 jul. 2021. Disponível em: https://www.forbes.com/. Acesso em: 28.01.2021.
MARTINS, Maria Inês de Oliveira. Seguro e responsabilidade civil. In: RUZYK, Carlos Eduardo Pianosvki; ROSENVALD, Nelson (Org.). Novas fronteiras da responsabilidade civil: direito comparado. Rio de Janeiro: Foco, 2020.
MEDON, Felipe. Inteligência Artificial e Responsabilidade Civil: Autonomia, Riscos e Solidariedade. Salvador: JusPodivm, 2020.
MIRAGEM, B.; PETERSEN, L. Seguro e inteligência artificial: novo paradigma tecnológico e seus reflexos na causa e na estrutura do contrato de seguro. In: TEPEDINO, Gustavo; SILVA, Rodrigo da Guia (Org.). O direito civil na era da inteligência artificial. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2020.
MONTEIRO FILHO, Carlos Edison do Rêgo; ROSENVALD, Nelson. Riscos e responsabilidade na inteligência artificial e noutras tecnologias digitais diferentes. In: TEPEDINO, Gustavo; SILVA, Rodrigo da Guia (Org.). O direito civil na era da inteligência artificial. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2020.
MORAES, Maria Celina Bodin. Risco, solidariedade e responsabilidade objetiva. In RT/FAsc. Civil. Ano 95, v. 854, dez. 2006.
MORAES, Maria Celina Bodin. O princípio da solidariedade. In: PEIXINHO, Manoel Messias et al (Org.). Os Princípios da Constituição de 1988. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2001.
MULHOLLAND, Caitlin Sampaio. A responsabilidade civil por presunção de causalidade. 2006, 383 f. Tese (Doutorado em Direito) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2006.
MULHOLLAND, Caitlin. Responsabilidade civil e processos decisórios autônomos em sistemas de Inteligência Artificial (IA): autonomia, imputabilidade e responsabilidade. In: FRAZÃO, Ana; MULHOLLAND, Caitlin (Org.). Inteligência artificial e Direito: ética, regulação e responsabilidade. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2019.
MULHOLLAND, Caitlin; FRAJHOF, Isabella. Entre as leis da robótica e da ética: regulação para o desenvolvimento adequado da inteligência artificial. In: BARBOSA, Mafalda; BRAGA NETTO, Felipe; SILVA, Michael; FALEIROS JÚNIOR, Jose (Org.). Direito digital e inteligência artificial: diálogos entre Brasil e Europa. Indaiatuba: Foco, 2021.
NEGREIROS, Teresa. Teoria do contrato: novos paradigmas. Rio de Janeiro: Renovar, 2002.
NEGRI, Sérgio Marcos Ávila. Robôs como pessoas: a personalidade eletrônica na Robótica e na inteligência artificial. Pensar, v. 25, n. 3, p. 1-14, 2020. Disponível em: https://ojs.unifor.br/. Acesso em: 5.12.2022
O’NEIL, Cathy. Weapons of math destruction: how big data increases inequality and threatens democracy. Nova York: Crown, 2016.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil, Contratos, vol. III. 24ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020.
RISSE, Mathias. Human rights and artificial intelligence: An urgently needed Agenda. Revista Publicum, v. 4, n. 1, p. 1–16, 2018.
SALAS, Javier. Se está na cozinha, é uma mulher: como os algoritmos reforçam preconceitos. El País, 23 set. 2017. Disponível em: https://brasil.elpais.com/. Acesso em: 12.01.2021.
SALLES, Raquel Bellini. A cláusula geral de responsabilidade civil objetiva. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011.
SCHREIBER, Anderson. Novos paradigmas da responsabilidade civil: da erosão dos filtros da reparação à diluição dos danos. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2015.
SILVEIRA, V.; ALBERTI, A.; MELLO, C. Inteligência artificial: uma era de abundância ou o fim da espécie humana? Fonte, Belo Horizonte, ano 14, nº 17, p. 84-91, jul. 2017. ISSN 1808-0715. Disponível em: https://www.prodemge.gov.br/. Acesso em: 27.01.2021.
SOARES, Flaviana. Levando os algoritmos a sério. In: BARBOSA, Mafalda; BRAGA NETTO, Felipe; SILVA, Michael; FALEIROS JÚNIOR, Jose (Org.). Direito digital e inteligência artificial: diálogos entre Brasil e Europa. Indaiatuba: Foco, 2021.
ROSENVALD, Nelson. O seguro e as tecnologias digitais emergentes. Revista IBERC, v. 5, n. 2, p. IV-VIII, 7 jun. 2022. Disponível em: https://revistaiberc.responsabilidadecivil.org/. Acesso em: 19.07.2022.
TEGMARK, Max. Vida 3.0: o ser humano na era da inteligência artificial. São Paulo: Benvirá, 2020.
TOLOMEI, Carlos Young. A Noção de ato ilícito e a teoria do risco na perspectiva do novo código civil. In: TEPEDINO, Gustavo (Org.). A parte geral do novo Código Civil: estudos na perspectiva civil-constitucional. Rio de Janeiro: Renovar, 2002.
UNIÃO EUROPEIA. Resolução do Parlamento Europeu, de 16 de fevereiro de 2017, com recomendações à Comissão de Direito Civil sobre Robótica (2015/2103 [INL]). 2017. Disponível em: https://www.europarl.europa.eu/. Acesso em: 28.12.2020.
UNIÃO EUROPEIA. Civil liability regime for artificial intelligence: European added value assessment. 2020. Disponível em: https://www.europarl.europa.eu/. Acesso em: 10.01.2021.